http://www.spiegel.de/fotostrecke/fotostrecke-48432.html
Estas não são as fotos que estão na exposição em Brasília, mas são igualmente chocantes.
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Estas não são as fotos que estão na exposição em Brasília, mas são igualmente chocantes.
Ontem, dia 24/11, foi aberta a exposição fotográfica “Ortszeit – Local Time”, no CCBB – Brasília. Logo após a queda do muro, o fotógrafo Stefan Koppelkamm foi até alguns locais muito representativos da Alemanha Oriental e os documentou. Uma década depois, ele voltou a esses mesmos espaços e, do mesmo ângulo, registrou todas as transformações por que passaram. O resultado é impressionante e simboliza muito do que aconteceu com a Alemanha após sua unificação.
A exposição acontece paralelamente à mostra “O Outro Lado do Muro – O Cinema na Alemanha Oriental”. Abaixo, segue o texto publicado no catálogo da mostra sobre esse evento específico.
ORTSZEIT – LOCAL TIME
EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DE STEFAN KOPPELKAMM
Goethe-Zentrum*
Na primavera de 1989, ninguém imaginaria que, em algum momento, um jovem poderia pichar na torre de sentinela do Muro de Berlim o nome do grupo de rock AD/DC sem ser punido por isso. A torre de blocos pré-moldados encontrava-se então caída nas margens do rio Havel, no parque do castelo de Babelsberg. Ao norte, avistava-se, por um nicho no Muro, a ponte Glienicker Brücke, que estivera inoperante e que apenas em 1989 voltou a ligar Berlim a Potsdam. A faixa asfaltada ao longo do Muro, na qual os soldados da RDA outrora faziam a patrulha, transformou-se em local para caminhadas.
Quando o fotógrafo Stefan Koppelkamm viajou pela Alemanha Oriental, em 1990 – depois da queda do Muro de Berlim, mas ainda antes da Reunificação –, teve o desejo de documentar fotograficamente um estado que, muito breve, não existiria mais. As casas, as ruas, as praças que fotografou davam a impressão de um tempo estagnado e transmitiam, em grande parte, uma vaga idéia de como a Alemanha pode ter sido antes da Segunda Guerra Mundial. Dez, doze anos mais tarde, o fotógrafo voltou a todos esses lugares e tirou uma segunda foto exatamente do mesmo ângulo. Os pares de fotografias que surgiram a partir disso documentam que, no período decorrido, houve mudanças drásticas em muitos lugares.
Imediatamente após o fim da RDA, desencadeou-se a sua musealização. Os arquivos da Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental, que pouco antes manifestantes indignados haviam jogado pelas janelas das repartições públicas municipais, ou que foram rasgados e destruídos pelos trabalhadores que permaneceram nestes edifícios, foram encaminhados para os arquivos; as faixas, outrora tão significativas e cheias de alusões, usadas no outono de 1989 nas manifestações das segundas-feiras, poucos meses mais tarde foram para os museus. Objetos de uso diário, do saleiro à onipresente sacola de compras de material sintético, foram parar em coleções de design. Com o recurso da fotografia, cidades, vilas e paisagens foram traduzidas em detalhes que nenhuma outra forma teria sido capaz de documentar. Várias iniciativas de documentação surgiram e algumas delas obtiveram o apoio de fundações e instituições públicas e privadas. A obra de Stefan Koppelkamm, Momento Local, faz parte deste grupo de projetos e se destaca pela sua consistência, tanto em termos de conceito quanto de estilo. A primeira campanha, entre 1990 e 1992, levou-o para as cidades na Alemanha Oriental. Ele se concentrou principalmente em situações urbanas, ruas e praças, que o seduziram antes pelo visual do que por representar aspectos típicos. O processo de seleção não era estritamente tipológico, como era habitual desde as fotografias de edifícios industriais por Bernd e Hilla Becher. O enquadramento e a perspectiva não foram por ele predeterminados. Tampouco, queria destacar a singularidade do motivo, mas, ao invés disso, as fachadas dos edifícios e das ruas, as praças e as ruelas no contexto urbano: a perspectiva é a do pedestre, do observador atento, que direciona o seu olhar para o cotidiano.
Os sinais da degradação chamam a atenção nas fotografias. Em muitos casos, Koppelkamm deixou-se fascinar pelo charme mórbido das fachadas gastas, das janelas tampadas ou quebradas, da pintura desbotada ou dos vários cartazes e anúncios sobrepostos como num palimpsesto. E se na frente de uma casa desocupada havia um velho Wartburg estacionado, para ele não representava qualquer interferência na linha perfeita da rua, antes, isso seria percebido como um pitoresco acréscimo, ao menos do ponto de vista atual. Também chama a atenção nas fotografias, a ausência quase que completa de pedestres nas calçadas. Naquela época, a restauração das cidades ainda não havia começado, viam-se apenas discretas iniciativas privadas abrindo lojas e pequenos cartazes anunciando eleições, programas de cinema e eventos sociais. Stefan Koppelkamm não procurava o novo, como quiosques construídos às pressas, nem os chamativos anúncios da chegada do capitalismo. Interessava-lhe mais a possibilidade de poder lançar um olhar para além da deterioração sofrida pelas cidades ao longo dos anos sob a RDA, ou seja, sobre como seriam as cidades ainda no período pré-guerra. Deste modo, a segunda série de fotografias, tiradas entre 2001 e 2002, torna estas transformações tão mais contundentes.
Tão ou mais surpreendentes, no entanto, são as imagens das ruas onde não houve qualquer renovação, onde as casas simplesmente continuaram entregues à sua progressiva deterioração. O prédio da associação dos padeiros, “Bäckerinnung”, na R. Bäckerstraße, em Görlitz, já não era apresentável em 1990. Ainda estava habitado, pois vemos cortinas nas janelas, apesar de a marquise e a pintura estarem muito danificadas. Em 2001 a casa já não abriga mais ninguém, há várias janelas quebradas ou fechadas com tapume e a marquise está ainda mais caída. Mas, surpreendentemente, muitos elementos ficaram inalterados: as fissuras na calçada são as mesmas, assim como os cabos de antena pendurados na frente da construção. Não fosse pelo grafite, seria impossível datar esta foto. De saltos e sobressaltos como esses vive a documentação de Stefan Koppelkamm, tornando-a assim um retrato fiel de dez anos de história da Alemanha Oriental.
A exposição fotográfica acontece em paralelo à mostra de filmes “O Outro Lado do Muro – O Cinema na Alemanha Oriental” e engloba uma seleção representativa de obras do projeto Ortszeit – Local Time (Momento local). O próprio Stefan Koppelkamm comenta esses retratos por meio de legendas e acrescenta, desta forma, algumas informações sobre as construções representadas, chamando a atenção para detalhes marcantes da imagem.
* O Goethe-Zentrum, instituto cultural da República Federativa da Alemanha que desempenha atividades culturais em todo mundo, é o responsável pela exposição Ortszeit – Local Time em Brasília. Este texto é uma versão abreviada e adaptada de um artigo publicado primeiramente em Ortszeit – Local Time, de Stefan Koppelkamm, Edição Axel Menges, Stuttgart / Londres, 2006. Sua tradução do alemão para o português foi realizada por Monica Buzogany e Sabine Plattner).
Todos os dias, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, até dia o 06/12. Não percam!
Dia 25 de novembro (quarta-feira)
15h – Os Assassinos Estão entre Nós
17h – Notícias do Ocidente (curta-metragem) / Berlim – Esquina da Rua Schönhauser
19h30 – A Bicicleta
Dia 26 de novembro (quinta-feira)
15h – Os Arquitetos
17h – O Terceiro
19h30 – Um Grito por Semana (curta-metragem)/ O Caso Gleiwitz
Dia 27 de novembro (sexta-feira)
15h – Nu entre Lobos
17h – Nascido em 45
19h30 – A Lenda de Paul e Paula
Dia 28 de novembro (sábado)
15h – A Segunda Plataforma
17h – Rastros de Pedra
19h30 – Carbid e Sorrel
Dia 29 de novembro (domingo)
15h – O Terceiro
17h – O Irmão Desconhecido
19h30 – Nascido em 45
Dia 1º de dezembro (terça-feira)
15h – O Coelho Sou Eu
17h – Os Arquitetos
19h30 – Jacob, o Mentiroso
Dia 2 de dezembro (quarta-feira)
15h – Um Grito Por Semana (curta-metragem)/ O Caso Gleiwitz
17h – Nu entre Lobos
19h30 – O Irmão Desconhecido
Dia 3 de dezembro (quinta-feira)
15h – Carbid e Sorrel
17h – Eu Tinha 19 Anos
19h30 – Debate Expandindo Fronteiras: Os Cinemas Alemães da Guerra Fria
Dia 4 de dezembro (sexta-feira)
15h – Nascido em 45
17h – A Segunda Plataforma
19h30 – O Coelho Sou Eu
Dia 5 de dezembro (sábado)
15h – Os Assassinos Estão entre Nós
17h – Jacob, o Mentiroso
19h30 – Notícias do Ocidente (curta-metragem)/ Berlim – Esquina da Rua Schönhauser
Dia 6 de dezembro (domingo)
15h – A Lenda de Paul e Paula
17h – A Bicicleta
19h30 – Eu Tinha 19 Anos
Para quem vem frequentando a mostra “O Outro Lado do Muro – O Cinema na Alemanha Oriental” ou ficou curioso a respeito do evento, postamos abaixo o link do catálogo da mostra “Rebels With a Cause”, acontecida no MOMA de Nova Iorque, em 2005. Essa mostra foi a primeira a reunir filmes da Alemanha Oriental em um único evento.
O catálogo da mostra “O Outro Lado do Muro” estará disponível online em breve. Por enquanto, ele pode ser retirado gratuitamente na bilheteria da Cinemateca Brasileira.
"O Caso Gleiwitz" (1931), de Gerhard Klein
"O Terceiro" (1972), de Egon Günther
Filme com uma das atrizes de grande destaque na DEFA nas décadas de 60 e 70, Jutta Hoffmann. O longa problematiza a questão da mulher na sociedade socialista, assim como traz à tona temáticas relacionas à dificuldade de conciliar filhos, trabalho, aspirações pessoais e ainda superar os preconceitos.
Berlim - Esquina da Rua Schönhauser
Filme de 1957, dirigido por Gerhard Klein e roteirizado por Wolfgang Kohlhaase. Os dois trabalharam juntos em diversos filmes e foram os criadores dos chamados “Berlin-Films”, obras que visavam mostrar um panorama da cidade, sob o ponto de vista dos modos de viver dos berlinenses, principalmente dos jovens.
Filme de Frank Beyer, 1963
convite_cinemateca
PROGRAMAÇÃO NA CINEMATECA
SALA CINEMATECA BNDES
19h00 NU ENTRE LOBOS
21h00 OS ASSASSINOS ESTÃO ENTRE NÓS
SALA CINEMATECA BNDES
16h00 A BICICLETA
19h00 OS ARQUITETOS
21h00 NOTÍCIAS DO OCIDENTE | BERLIM – ESQUINA DA RUA SCHÖNHAUSER
SALA CINEMATECA BNDES
17h00 O TERCEIRO
19h00 OS ASSASSINOS ESTÃO ENTRE NÓS
21h00 NU ENTRE LOBOS
SALA CINEMATECA BNDES
19h00 UM GRITO POR SEMANA | O CASO GLEIWITZ
21h00 OS ARQUITETOS
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 A BICICLETA
21h00 NASCIDO EM 45
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 A SEGUNDA PLATAFORMA
21h00 A LENDA DE PAUL E PAULA
SALA CINEMATECA BNDES
18h30 O TERCEIRO
20h30 UM GRITO POR SEMANA | O CASO GLEIWITZ
SALA CINEMATECA BNDES
16h30 A LENDA DE PAUL E PAULA
18h30 CARBID E SORREL
20h30 RASTROS DE PEDRA
SALA CINEMATECA BNDES
16h30 NOTÍCIAS DO OCIDENTE | BERLIM – ESQUINA DA RUA SCHÖNHAUSER
18h30 NASCIDO EM 45
20h30 O IRMÃO DESCONHECIDO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
21h00 JACOB, O MENTIROSO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 O IRMÃO DESCONHECIDO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h30 RASTROS DE PEDRA
21h00 O COELHO SOU EU
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 JACOB, O MENTIROSO
21h00 EU TINHA 19 ANOS
SALA CINEMATECA PETROBRAS
15h00 O COELHO SOU EU
17h00 EU TINHA 19 ANOS
19h00 CARBID E SORREL
21h00 A SEGUNDA PLATAFORMA
Os arquitetos (Die Architekten), de Peter Kahane
Alemanha Oriental, 1990, 35mm, cor, 97’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Kurt Naumann, Rita Feldmeier, Uta Eisold, Jürgen Watzke
Filmado na época do desmantelamento da RDA, este sóbrio retrato da vida na Alemanha Oriental mostra um jovem arquiteto que sente sua vida e suas metas sendo estranguladas pelos dogmas do regime comunista – representado, em partes, pelas gerações mais velhas. A equipe do filme teve de reconstruir parte do muro de Berlim para filmar algumas cenas, visto que ele se esfacelou muito rapidamente.
sáb 07 19h00 | ter 10 20h30
Os assassinos estão entre nós (Die Mörder sind unter uns), de Wolfgang Staudte
Alemanha Oriental, 1946, 35mm, pb, 91’ | Legendas em português
Ernst Wilhelm Borchert, Hildegard Knef, Arno Paulsen, Elly Burgmer
Logo após a Segunda Guerra Mundial, uma jovem retorna de um campo de concentração e encontra Berlim em ruínas. Ao chegar ao seu apartamento, descobre que um médico já está vivendo lá. Sem outra alternativa, ambos são obrigados a compartilhar o apartamento e começam a perceber que têm muitas experiências a dividir. Este foi o primeiro filme alemão feito após a guerra.
sex 06 21h00 | dom 08 19h00
Berlim – Esquina da Rua Schönhauser (Berlin – Ecke Schönhauser), de Gerhard Klein
Alemanha Oriental, 1957, 35mm, pb, 82’ | Legendas em português
Ekkehard Schall, Ilse Pagé, Harry Engel, Ernst-Georg Schwill
Adolescentes se encontram numa esquina de Berlim Oriental para paquerar e compartilhar seus interesses pela música e pela cultura que é difundida do outro lado do muro. Clássico do teen cult dos anos 1950, o filme é um perspicaz retrato social de uma cidade onde a divisão política e econômica afetou toda a população. Apesar de controverso, o filme foi lançado com grande sucesso de bilheteria, para depois ser censurado pelo seu conteúdo “subversivo”. Esta obra, assim como outras da série denominada Berlin Films que também foram dirigidos pela dupla Klein (direção) e Kohlhaase (roteiro), deu uma importante contribuição ao cinema mundial e ao gênero teen em particular.
sáb 07 21h00 | dom 15 16h30
A bicicleta (Das Fahrrad), de Evelyn Schimidt
Alemanha Oriental, 1981, 35mm, cor, 89’ | Legendas em português
Heidemarie Schneider, Roman Kaminski, Anke Friedrich, Heidrun Bartholomäus
Logo depois de deixar seu emprego, uma mãe solteira se vê diante de graves problemas financeiros e acaba tentando cometer uma pequena fraude para conseguir dinheiro. Apesar do precioso retrato da vida cotidiana no regime socialista sob o ponto de vista de uma mulher, os órgãos oficiais da RDA foram intolerantes com esta obra, alegando que ela mostrava uma atitude inadequada do ponto de vista moral para um cidadão da RDA. Na Alemanha Ocidental, no entanto, o filme de Evelyn Schmidt recebeu muitos elogios por sua visão crítica e pelo olhar feminista.
sáb 07 16h00 | qua 11 19h00
Carbid e Sorrel (Karbid und Sauerampfer), de Frank Beyer
Alemanha Oriental, 1963, 35mm, cor, 80’ | Legendas em português
Erwin Geschonneck, Kurt Rackelmann, Rudolf Asmus, Marita Böhme
No final da II Guerra Mundial, trabalhadores de Dresden enviam um colega centenas de milhas ao norte com a finalidade de conseguir material de solda para a fábrica. Para trazer os materiais, ele precisa penetrar através da zona de ocupação soviética, transformando sua aventura numa odisséia hilária e cheia de mal-entendidos. O roteiro foi encontrado por acaso por Frank Beyer, assim como o ator principal, Erwin Geschonneck. Ele interpreta um homem auto-confiante e de lacônico senso de humor que, por sua personalidade peculiar, acaba vivenciando situações incomuns. O ponto alto do filme acontece durante uma viagem pelo rio Elba, quando ele suspeita que patrulhas soviéticas e americanas se aproximam. Frank Beyer, primeiramente, levou seu filme para Moscou, já que os órgãos oficiais da RDA geralmente questionam o tipo de humor que mexe com as autoridades. As gargalhadas dos funcionários soviéticos deram o aval para que o filme estreasse na Alemanha.
sáb 14 18h30 | dom 22 19h00
O caso Gleiwitz (Der Fall Gleiwitz), de Gerhard Klein
Alemanha Oriental, 1961, 35mm, pb, 69’ | Legendas em português
Hannjo Hasse, Herwart Grosse, Hilmar Thate, Georg Leopold
Detalhada reconstituição do ataque surpresa realizado pelos nazistas a uma estação de rádio em Gleiwitz, em 1939. A culpa recaiu sobre o exército polonês e serviu como justificativa para Hitler marchar sobre a Polônia – dando início à Segunda Guerra Mundial. Frio e distante, o filme reflete as possibilidades e as técnicas de provocação e explicita como fatos e pontos de vista podem ser manipulados para fazer com que a opinião pública aceite mentiras, assassinatos e guerras. O diretor Gerhard Klein e seu cameraman, o tcheco Jan Čuřík, criaram uma impressionante linguagem visual para descrever o fascismo. Esta perspectiva esclarecedora sobre o que está por trás da força do autoritarismo e da violência foi recebida com resistência pelos oficiais da RDA. O filme foi acusado de estetizar o fascismo e, embora tenha escapado por pouco da censura, desapareceu depois de apenas algumas semanas em cartaz. Hoje, é considerado um dos mais modernos e experimentais filmes da história da DEFA.
ter 10 18h30 | sex 13 20h30
O coelho sou eu (Das Kaninchen bin ich)
Alemanha Oriental, 1965, 35mm, pb, 109’ | Legendas em português
Angelika Waller, Alfred Müller, Ilse Voigt, Wolfgang Winkler
A história da relação de uma jovem estudante com um juiz de caráter duvidoso que condenara o irmão dela por exercer atividades políticas subversivas. Realizado em 1965 para encorajar as discussões sobre a democratização da sociedade da Alemanha Oriental, este filme foi banido pouco depois pelo governo sob a alegação de que era anti-socialista, pessimista e expressava uma visão revisionista ao atacar o Estado. Esta obra emprestou seu nome a todos os filmes banidos em 1965, que se tornaram conhecidos como Rabbit Films. Depois de 1989, o filme foi bastante elogiado como um dos mais importantes e encorajadores filmes feitos pela DEFA.
sex 20 21h00 | dom 22 15h00
Eu tinha 19 anos (Ich war 19), de Konrad Wolf
Alemanha Oriental, 1968, 35mm, pb, 115’ | Legendas em português
Jaecki Schwarz, Vasili Livanov, Aleksei Ejbozhenko, Galina Polskikh
A Segunda Guerra Mundial está praticamente terminada para a Alemanha. Tropas russas e americanas avançam pelo território. O soldado do exército russo Gregor Hecker tem 19 anos. Ele nasceu em Colônia, na Alemanha, seus pais são alemães e ele fala alemão fluentemente. Apesar disso, o rapaz parece não se indentificar mais com sua terra natal. Ver de perto a queda do país do qual pouco se lembra, pode ter um impacto decisivo em sua vida. Seu confronto com o passado não poderia acontecer em um momento mais aterrador. Um filme bastante pessoal, já que teve situações inspiradas no próprio diário de Konrad Wolf, que foi mantido junto ao Exército Vermelho e testemunhou os últimos dias da Segunda Guerra Mundial.
sáb 21 21h00 | dom 22 17h00
Um grito por semana (Einmal in der Woche schrein), de Günter Jordan
Alemanha Oriental, 1982, 35mm, cor, 15’ | Legendas em português
Um sensível retrato da juventude rebelde da “selvagem” Berlim Oriental. O título deste filme foi retirado de uma canção escrita por Günter Jordan e um grupo de rock da Alemanha Oriental chamado Pankow. Ele foi proibido logo depois de sua primeira exibição.
ter 10 18h30 | sex 13 20h30
O irmão desconhecido (Dein unbekannter Bruder), de Ulrich Weiß
Alemanha Oriental, 1981, 35mm, cor, 108’ | Legendas em português
Uwe Kockisch, Michael Gwisdek, Jenny Gröllmann, Bohumil Vavra
Após seu retorno dos campos de concentração de prisioneiros politicos, em 1935, um homem evita retomar contato com seu grupo de resistência, com medo de que seja espionado. Isolamento, medo, falta de companherismo e traição são os temas deste filme, um raro retrato psicológico do antifascismo que representou um marco na filmografia do Leste Alemão. Foi selecionado para competir no Festival de Cannes, mas sua inscrição foi retirada pelos oficiais da RDA, apesar de toda euforia em torno do evento. Ulrich Weiß, um talentoso diretor para quem esta obra representou um marco em termos criativos, acabou ficando extremamente decepcionado com todos os acontecimentos que envolveram seu filme e nunca mais dirigiu algo que estivesse à altura desta obra.
dom 15 20h30 | qui 19 19h00
Jacob, o mentiroso (Jakob, der Lügner), de Frank Beyer
Alemanha Oriental, 1975, 35mm, cor 100’ | Legendas em português
Vlastimil Brodský, Erwin Geschonneck, Blanche Kommerell, Manuela Simon
Em 1944, um judeu que vive escondido num gueto europeu ouve pelo rádio que o exército russo marcha em direção a eles. Para salvar o amigo de se arriscar pelas ruas por algumas batatas, ele revela o que ouviu. O problema é que ter um rádio, em seu gueto, é um crime punido com a morte. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1977, foi o único filme da DEFA a conseguir este feito. Em 1975, foi também indicado ao Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim.
qua 18 21h00 | sáb 21 19h00
A lenda de Paul e Paula (Die Legende von Paul und Paula), de Heiner Carow
Alemanha Oriental, 1972, 106 min., colorido, 35 mm
Angelica Domröse, Winfried Glatzeder, Heidemarie Wenzel, Fred Delmare
A história de um amor invencível entre uma mulher solteira e um burocrata casado. Muito conhecido também pela música da banda Puhdys, bastante famosa na RDA à época do lançamento do filme, este filme foi visto por mais de três milhões de espectadores e se tornou um dos filmes mais populares de sua época na Alemanha Oriental. Ainda hoje, permanece como um dos grandes cult movies produzidos na DEFA.
qui 12 21h00 | sáb 14 16h30
Nascido em 45 (Jahrgang 45), de Jürgen Böttcher
Alemanha Oriental, 1966, 35mm, pb, 94’ | Legendas em português
Monika Hildebrand, Rolf Römer, Paul Eichbaum, Holger Mahlich
Os recém-casados Alfred e Lisa decidem divorciar-se, mas, antes, Alfred afasta-se por alguns dias para pensar melhor. Ele perambula por Berlim e conhece alguns estrangeiros. Realizada em 1965 e banida pela censura da RDA no ano seguinte, esta obra teve que aguardar até 1990 para poder ser exibida nas telas de cinema da Alemanha. Único filme ficcional do pintor e documentarista Jüngen Böttcher, que, inspirado pelo neo-realismo italiano, desenvolveu um estilo caracterizado pelo detalhismo da observação social com uma forte veia poética. Este filme pode ser considerado o equivalente alemão oriental das primeiras obras de Godard.
qua 11 21h00 | dom 15 18h30
Notícias do ocidente (Es geht um die Wurst), de Harald Röbbeling
Alemanha Oriental, 1955, 35mm, pb, 8’ | Legendas em português
Erwin Geschonneck, Hannelore Wüst, Horst Kube, Marianne Wünscher
Após ouvir pela rádio de Berlim Ocidental que salsichas envenenadas foram encontradas na Alemanha Oriental, um morador do leste fica desesperado, imaginando que um amigo seu possa estar morto por conta desse fato. Este curta-metragem representa uma série de quase 300 produções denominadas Stacheltiere (espinho), feitas entre 1953 e 1964. Ele é um exemplo da vitalidade da tradição de um estilo de sátira social e política que existia na Alemanha Oriental.
sáb 07 21h00 | dom 15 16h30
Nu entre lobos (Nackt unter Wölfen), de Frank Beyer
Alemanha Oriental, 1963, 35mm, pb, 116’ | Legendas em português | Exibição em 16mm
Erwin Geschonneck, Armin Mueller-Stahl, Krystyn Wójcik, Fred Delmare
História da tentativa de fuga de um grupo de poloneses judeus que vivem em um campo de concentração – cuja esperança para concretizar o plano reside num garoto de apenas quatro anos escondido numa valise. A história deste filme foi inspirada em um romance escrito por Bruno Apitz – que, por sua vez, havia sido inspirado no caso real de um garoto de quatro anos que escapou vivo de um campo de concentração polonês nas mesmas condições que o personagem deste filme.
sex 06 19h00 | dom 08 21h00
Rastros de pedra (Spur der Steine), de Frank Beyer
Alemanha Oriental, 1966, 35mm, pb, 139’ | Legendas em português | Exibição em 16mm
Manfred Krug, Krystyna Stypulkowska, Eberhard Esche, Johannes Wieke
Um trabalhador e um grupo de seus colegas passam a maior parte do tempo bebendo e fazendo arruaças na pequena cidade onde vivem. As coisas mudam de figura quando uma engenheira chega ao local para cuidar da obra na qual eles estão envolvidos. Este é um filme extremamente representantivo da burocracia e do moralismo que vigoravam na Alemanha Oriental. Para que o filme fosse lançado, o diretor Beyer teve que cortar algumas cenas – mas ele afirmou, mais tarde, que nenhuma das cenas suprimidas era realmente imprescindível.
sáb 14 20h30 | sex 20 18h30
A segunda plataforma (Das zweite Gleis), de Joachim Kunert
Alemanha Oriental, 1962, 35mm, pb, 80’ | Legendas em português
Albert Hetterle, Annekathrin Bürger, Horst Jonischkan, Walter Richter-Reinick
Inspertor de uma estação ferroviária testemunha um roubo. Quando não consegue denunciar um dos cúmplices, ele começa a rememorar fatos que remetem a um fracasso anterior: quando foi incapaz de se posicionar contra as perseguições nazistas, durante a Segunda Guerra. Único filme da Alemanha Oriental a abordar o tema dos nazistas que, posteriormente à Segunda Guerra, levaram uma vida normal na RDA. Essa temática bastante sensível foi uma das razões pelas quais o filme foi exibido nos cinemas apenas em raras ocasiões. Expressivas e marcantes imagens em preto e branco intensificam a história de culpa, repressão e esquecimento que fazem desta obra uma verdadeira descoberta.
qui 12 19h00 | dom 22 21h00
O terceiro (Der dritte), de Egon Günther
Alemanha Oriental, 1971, 35mm, cor, 111’ | Legendas em português
Jutta Hoffmann, Barbara Dittus, Rolf Ludwig, Armin Mueller-Stahl
Uma série de flashbacks retratam os 18 anos de vida da liberada Margit – que, após duas relações fracassadas das quais nasceram duas crianças, começa a repensar sua trajetória. Uma nova e despretensiosa aventura amorosa com um colega acaba sendo o gatilho para essa revisão do passado. A história de Margit não deixa de ser um testemunho que tem como pano de fundo a história de auto-afirmação e independência das mulheres na RDA. Jutta Hoffmann foi indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza em 1972 por este filme, em que contracena com Armin Mueller-Stahl – posteriomente indicado ao Oscar pelo filme Shine – Brilhante.
dom 08 17h00 | sex 13 18h30